Ana Luiza, de sete anos, tinha uma vida normal até setembro do ano passado. Vivia com os pais em Manaus (AM), tirava boas notas na escola, fazia balé, natação e raramente tinha um resfriado. Era uma criança feliz e saudável até se deparar com a segunda doença que mais causa mortes no mundo. Nesta sexta-feira, 8 de abril, comemora-se o Dia Mundial de Combate ao Câncer, enfermidade que, de acordo com a União Internacional de Combate ao Câncer (UICC), deve afetar cerca de 500 mil pessoas no Brasil, em 2011.
“Foi um desespero quando recebemos a notícia [da doença], parecia que tinha aberto um buraco no chão e a gente tinha caído. O dia inteiro sentíamos aquele medo de perdê-la”, partilhou a mãe da menina, Carolina Varella, de 28 anos, que largou tudo na cidade natal para cuidar da filha em São Paulo. Ana Luiza luta contra um tipo raro de câncer, chamado rabdomiossarcoma, que se desenvolve a partir dos tecidos conectivos. A doença começou na base do crânio e se espalhou pelos pulmões, medula, osso da perna e da coluna. A porcentagem de sobrevivência nesses casos é de 15% e, no Hospital AC Camargo, no qual ela está recebendo tratamento, as únicas quatro crianças que tiveram o mesmo diagnóstico não resistiram.
Mas a pequena guerreira conseguiu se livrar de todas as metástases e do tumor principal em menos de quatro meses, contrariando as estatísticas médicas. Além do sucesso no tratamento, a menina manauense ganhou forças para combater a enfermidade na internet, com o movimento no Twitter #forçaAnaLuiza. A solidariedade na rede começou no carnaval, quando a mãe dela fez um pedido de doação de sangue pelo microblog.
Na última etapa do tratamento, que é o transplante autólogo (cirurgia que destrói a medula óssea para depois fazê-la voltar a funcionar por meio de células-tronco previamente coletadas do próprio paciente), Ana Luiza precisou de altas doses de sangue e os médicos recomendaram que os pais procurassem doadores, pois, com a chegada da festa mais popular do país, o estoque cai consideravelmente. "Eu fiquei desesperada porque eu e meu marido não podemos doar, pois somos de região endêmica de malária. Como a gente não conhecia ninguém em São Paulo, decidimos pedir ajuda na internet para que não faltasse sangue para ela. Mandei um e-mail para uma jornalista que conhecia e, quando me dei conta, o pedido tinha tomado proporções que não imaginava".
Em apenas um dia, em pleno sábado de folia, foram oito mil tuítes com a tag #forçaAnaLuiza, o que levou a filha de Carolina para os Trending Topics do Twitter, ranking de assuntos mais comentados na ferramenta. "Eu tinha perdido a esperança no ser humano, tanta gente ruim, egoísta. Quando pensamos em pedir ajuda pela internet, eu imaginei que poucas pessoas iam dar atenção. Na hora em que eu vi a repercussão, as pessoas se importando e querendo ajudar, fiquei impressionada, nem acreditei que era o nome dela, me deu uma vontade de chorar", explicou Carolina, que criou ainda o blog 'vidAnormal' para contar as vitórias e derrotas da filha no combate à doença. Até esta sexta, 8, mais de 178 mil visitas foram contabilizadas na página.
Segundo a mãe, a fé em Deus ajudou sua família a não desanimar nem se desesperar diante do tratamento. "A fé não deixou a gente desmoronar, nos deu força. Deus ficou do nosso lado desde o dia do susto com o diagnóstico, não me deixou ficar desesperada com a possibilidade da morte dela. Ele tem cuidado de nós nos mínimos detalhes, em coisas tão simples. Esses dias até estava pensando como é impressionante a gente não sentir a presença d'Ele quando tudo está bem", testemunhou.
Apesar de ter pego pneumonia fúngica, por causa da baixa imunidade, atualmente Ana Luiza está bem e recebeu alta para terminar o tratamento em casa (não em Manaus, mas em um apartamento cedido por parentes, em São Paulo). A mãe da garotinha destaca que o maior aprendizado que tirou desse acontecimento é que “nenhuma vitória grande vem sem uma dedicação grande, sem esperança e uma certeza”. “Acima de tudo é ter fé, esperança, tentar entender a vontade de Deus no meio da escuridão. Tem algum objetivo, o Senhor não permite que isso aconteça em vão. Eu aprendi muita coisa com isso tudo, uma delas é que existem pessoas boas, que a gente pode ser melhor e que podemos confiar em Deus porque Ele está do nosso lado o tempo todo”, concluiu.
Torço pela recuperação da nossa "guerreirinha"!
ResponderExcluirGrande Abraço, boa sorte e seja bem-vindo á Cia dos Blogueiros.
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